segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A menina que parou o mundo e construiu a Lua com os pés


                                                                      CAPÍTULO VII




                                                                

                                                                        Sentir


Manhã de sexta feira 09h45min, olhei pela janela do lado de meu berço e as nuvens transmitiam para mim algo diferente. As árvores balançavam de lá a cá, pareciam até ser de borracha. Folhas caiam e tudo estava escuro, não parecia manhã. Barulhos estranhos vinham de cima e algumas vezes até o chão sofria tremores. Porta de meu quarto entreaberta movia-se sozinha, começei a me assustar e fiquei de olhos fechados por minutos. Ninguém me ouvia chorar pensei que estava sozinha dentro daquela enorme casa no meio de matos e montanhas. De repente escuto passos, meu coração pulava querendo saltar fora de minha boca e sem abrir os olhos chorava descontrolávelmente. Tocaram-me com as mãos frias, quando vi era minha mãe, parei de chorar na mesma hora que senti seus braços entrelaçando meu corpo com força diante de seu peito. Dizia ela para ter calma. Lembro que soluçava e minhas bochechas estavam rosadas de tanto medo. Quanto desespero - dizia ela. Começei a questinar o tempo também. Seriam mensagens assustadoras dos Deuses? O ser humano não estava amando direito? Não entendia, mas pensava eu que alguém lá de cima não estava gostando das atitudes aqui na Terra. Até pensei que fosse eu, com o susto que levei. Minha mãe ficou comigo no seu colo por mais de meia hora e quando o tempo parou os pássaros começaram a cantar e luzes atravessavam as nuvens, os mais belos raios de sol. Estávamos lá fora e havia algo novo quando olhei. Juntaram-se cores como vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Traçavam o céu de um lado paro o outro. Parecia um caminho, uma estrada. Depois disto que eu não entendi mais nada, já estava complicado para minha cabeçinha quando vi aquela escuridão, parecia um buraco negro no céu e de repente tudo que era preto tornou-se colorido. Quanto mistério. Voltando para dentro de casa, fui tomar meu leitinho quente que só a mamãe tinha em sí, era muito bom pena que não eram todos os dias, então aproveitei. Ela sentou na poltrona e eu já imaginei que só de mamar um pouco dormiria. Não foi diferente, começei a fechar meus olhinhos em menos de dez minutos. Quando percebeu que peguei no sono colocou-me no berço. Mas pouco tempo depois o chão tremeu novamente e nos meus sonhos eu imaginava algo vindo em minha direção com uma velocidade que eu não escaparia de forma alguma. Acordei pela segunda vez no dia da pior forma. Pergunto a vocês: Já viram bebes estressados? É, eu estava fervendo por não me deixarem dormir. Era meu pai, chegando de viagem com seu caminhão que não fazia barulho, só desmontava a primeira casa que passava por perto. Quando percebi que era quem eu suspeitava começei a bater minhas perninhas, sabia que ele gostava de me ver agitada. Estava com tanta saudade, não o via a muito tempo desde a ultima vez que partiu. Chegou dentro de meu quarto com as mãos sujas, roupa rasgada e cheirando a graxa de caminhão e com marcas pretas de pneu. Parecia eu em meu sonho, ou melhor pesadelo sendo atropelada. Minha avó só faltava estar com um cabo de vassoura atrás dele pela sujeira que estava fazendo, mas pouco lhe importava a única coisa que queria era me ver e sentir sua filha por perto. Foi a melhor sensação de "matar as saudades" que já tive desde que existo. Pena que a minha mãe, brava não o deixou pegar-me no colo antes de tomar um banho e ficar cheiroso igual a mim. Minha mãe tinha essa mania com meu pai, um casal muito apaixonado mas quando tiravam o dia para se implicar, quem segura. Depois que saiu do banho veio reto em minha direção e tirou-me daquele berço com vontade, me beijva tanto, mas tanto que minhas bochechas quase sumiram. Disse ele que trouxe algo para mim, um presente. Por dentro eu gritava: - quero logo papai, logo, logo. Não demore, estou curiosa. Colou-me no colo de mamãe e foi buscar meu suposto presente. Quando chegou, trouxe consigo um pacotinho pequeno com um laço vermelho, já via de longe só pela cor. Entregou em minhas mãos, mas eu quase enlouqueci tentando me coordenar para abrir, não tinha jeito eu sofria e eles riam de minha cara. Já fiquei furiosa e chorei. Minha arma secreta sempre funcionava. Não demorou e ele pegou o pacote e abriu e uma tiarinha da cor lilás com um coraçãozinho em cima foi colocada em minha cabeça, ficou lindo e eu adorei. Saimos nós três andar pelo pasto, olhei para as mãos de meus pais e elas estavam juntas, olharam-se e sorriram de uma forma bela que até eu senti vontade de participar, mas deixei o momento para eles. Foi maravilhoso perceber que eu estava entre as melhores pessoas do mundo. Papai disse para mamãe: - Quero que não esqueça de uma coisa. Eu estarei sempre com vocês, não importa onde eu esteja..

3 comentários:

  1. Os sentimentos nunca morrem
    Nossos sentimentos continuam eternamente
    Ao lado daqueles que amamos

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  2. Parabéns pelo blog! você é muito talentosa!!! e valeu por seguir meu blog!

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  3. Bããh! Quanto talento, eu adorei vou tentar ler o resto. Parabéns!

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