domingo, 31 de outubro de 2010

A menina que parou o mundo e construiu a lua com os pés.


                                                                 CÁPITULO III


Primeira noite fora de minha casa. Estranhei e percebi a diferença dos lugares. Onde eu estava era frio e eu estava com muitas roupas no corpo, sufocante. Mesmo assim sentia aquele vento bater no meu narizinho gelado. Pobre e indefesa menina que não conseguia ter coordenação motora naquela hora pra poder colocar os dedinhos quentinhos sobre o rosto e não deixar o frio chegar perto de mim. Mas sabia que minha mamãe viria como todas as noites com meu cobertor peludo que eu adorava. Esperei por alguns minutos e quando escutava passos no chão fiquei feliz e pensava. Lá vem ela! Virei e não vi seu rosto. Era tudo diferente comecei a sentir sua falta. De repente aquela senhora veio em minha direção e me levou para um quarto onde havia um berço de madeira com um colchão macio cheio de bonequinhos coloridos com nariz vermelhos bem parecidos com o meu, coitadinhos. Achei graça quando vi suas roupas e sorri, minha suposta “avó” achou que eu rindo do que ela falava e não parou de repetir a mesma coisa por um bom tempo, entendeu tudo errado. Fui colocada no berço vagarosamente, olhei para cima e vi algo que chamou minha atenção. Havia algo sobre minha cabeça que girava e emitia luzes coloridas. Era um circulo com três estrelas, cada uma com sua cor. Amarela, verde e vermelha. O que mais chamou atenção para mim foi ver aquele desenho de duas pontas com a cor lilás que continuava parada enquanto as estrelas giravam em volta. Confesso, aquele barulho que o brinquedo fazia era irritante, mas o resto era fantástico. Foi a primeira vez que algo me intrigou, fiquei pensando o que significava, era tão lindo. É incrível como tudo é bonito para uma criança, até eu consigo me assustar quando começo a lembrar da minha infância assim, mas é por ai que surgem os gostos. Voltando ao assunto.. de tanto que olhei para cima quase fiquei tonta mas peguei no sono. Mal eu sabia que aquela noite surpreenderia a mim mesma. Desde que nasci quando pegava no sono parecia entrar em um buraco negro, não enxergava nada a não ser o preto. Mas este dia marcou minha vida, entrei no meu primeiro sonho. Estava eu caminhando de pés descalços pisando na grama olhando para cima e percebendo como o céu era mágico, percebi que havia uma única lua e o resto eram pontos, pequenos pontos que brilhavam em sua volta. Mas foi então que fechei meus olhos e quando abri comecei a ver três luas. Imaginem o susto que não levei e mesmo assim não deixou de ser maravilhoso. Aconteceu algo inacreditável, aquilo começou a chegar perto de mim e conforme eu caminhava parecia que entraria naquela luz. E adivinhem a cor da lua? Lilás. Quis naquele momento entrar na lua, mas não consegui, só senti uma força dentro de o meu próprio ser. Resolvi olhar para trás e encontrei uma árvore que não se lembrava de ter passado, achei estranho. Olhei bem para ela e haviam muitas flores e as cores eram exatamente aquelas que as estrelas transmitiam no brinquedo. Sabia que aquilo representava algo muito intenso para mim. Comecei a escutar uma voz, mas não entendi o que ela queria dizer, fiquei muito angustiada querendo descobrir. Algo apareceu tirando algumas flores da árvore e deixando outras. Não entendia o porquê só observava. Entregaram três flores para mim e foi então que a voz surgiu novamente dizendo que cada flor era um dom que eu precisava descobrir. Dizia ela que amor verdadeiro eu havia conquistado e não sofreria com isto. Olhei para elas e algumas estavam floridas, outras ainda permaneciam fechadas. Precisava eu, descobrir a clarividência, continuava a voz. Olhei para árvore e lá estava uma caneta e um balão pendurado, cheguei próxima e escrevi: “Muito Obrigada”. A partir daquele momento acreditei que sonhos eram pistas de como chegar onde queremos e por mais estranhos que eles sejam não importa, não vão dexar de ser sonhos. 

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