sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A menina que parou o mundo e construiu a Lua com os pés.

                                                                         

                                                              CAPÍTULO IV

            


                                                        


          Acabei de acordar, assustada com meu primeiro sonho só queria voltar a fechar os meus lhos e lembrar o que havia passado há pouco tempo. Tentei uma, duas, três vezes, mas não tive sorte. Não era a mesma coisa só conseguir enxergar o negro, aquela escuridão das noites passadas. Voltando a realidade, mal eu esperava um dos dias mais loucos da minha existência. Fim de semana e dizia minha avó: - Domingo é dia de ligar a televisão, deitar de barriga para cima, colocar o pezão em cima do braço do sofá e descansar. Nunca vi alguém valorizar tanto o domingo como ela, é sagrado. Dia onde ninguém faz nada a não ser erguer uma xícara de chá, seu esforço máximo. Mas naquele momento havia algo estranho com ela, seus olhos brilhavam toda vez que se direcionavam a janela, até a maneira com que falava comigo mudava, tudo tinha um sentido "bom". Vocês meus caros leitores, tinham que ver quando ela secava a louça, algo que ela detesta fazer, tem dias que a pia enche de talheres e ela não guarda, uma beleza. E o engraçado é que nesse dia ela cantava canções de amor, nunca tinha visto algo tão romântico saindo de sua boca. Imaginei na mesma hora. Tem algo! E adivinha? O novo personagem da minha história, galã o verdadeiro Richard, ator principal da vida, pelo menos da minha. Quem seria? Calma, já já conto para todos. Desde bebe de berço eu calculava, vejam só uma criança superdotada. Sabem por quê? Como existia mamãe havia alguém que combinava com ela, meu incrível papai. Então, como de costume percebi que minha avó ficava sozinha todo dia. Como não sabia falar sua língua não conseguia perguntar. Mas comecei a pensar, todos que conheço tem alguém, ela também tem isto é óbvio. Naquela tarde lembro perfeitamente, dia 20 de dezembro perto do meio dia encosta uma caminhoneta branca toda suja de barro com um homem sério de olhos puxados que ao ver pela primeira vez achei graça, senti vontade de sorrir. Aquele querido senhor saindo do carro era meu avô. Chegava todos os fins de semana bem humorado por saber que sua senhora esperaria na porta e com aquele bolo fresquinho de fubá com coberturas de chocolate que adorava. Desta vez foi diferente, estranhou não ver minha avó na porta. Mal sabia a surpresa que teria, sua netinha no colo de sua amada esperando sua chegada. Quando entrou pela porta minha avó me levava até ele no seu colo com o sorrido de orelha a orelha. Estava eu com um lençol branco sobre mim, quando chegou perto foi tirando com as mãos tremulas o pano que cobria meu rosto. Quando consegui vê-lo adivinhem o que eu fiz? Sorri aquele sorriso gostoso de neném. Ao ver, parecia um bobão sem reações olhando para mim. Suas mãos mal sabiam onde me tocar. Foi ao meu rosto, pernas, braçinhos finos e pegou justo nos meus dedinhos. Sentia suas mãos suarem. Acho que meu sorriso enfeitiçou aquele homem, um marmanjo, pois só faltava babar em minha roupa, que alegria. Dizia ele: - "Fui abençoado com esta loirinha dos olhos claros." Como não havia me visto ainda já fui formando minha caricatura por meio de palavras. Fulano falava que meu nariz era desenhado e parecia com o da mamãe. Cicrano dizia que minhas pernas eram grossas e gostosas de apertar. E por aí caminha a situação. Achava incrível como diziam a palavra "anjo" para mim, tudo era meu anjo ou minha anjinha. Por isso admiro tudo que vem das alturas.. Voltando a questão do "senhor da minha avó" o fato é, ele não parava de perguntar para minha avó: - Já deu mamadeira para a neném? Trocou? Lavou? Quanta preocupação para quem havia acabado de conhecer alguém naquele mesmo dia. Estava sentindo uma importância a mais Até então ninguém perguntava tanto sobre minha pessoa. Ariel Bastos com seus 52 anos casado com dona Sofia de 50 anos. Carregando sua pequena barriga sentado na cadeira de balanço na área ficou a tarde inteira lá sem falar uma palavra, não recebi sua atenção e me senti excluída. Mas para minha surpresa ao anoitecer pegou-me no colo pela primeira vez e voltou a sentar no mesmo lugar. Lá balançava a cadeira lentamente para trás e para frente. Começou a conversar comigo de uma maneira que ao lembrar fico emocionada. “Dizia ele: A vida é como um quebra cabeça de 500 mil peças, cada uma dispersa da outra. Quatro cantos principais que ao serem encontrados facilitam os caminhos para qualquer outra. Bata paciência, (paz + ciência). Assim é a vida, com paz, amor, felicidade e inteligência. Estes são os pontos para um sucesso, o seu sucesso minha querida.." Fiquei pasma, só não chorei porque naquela idade não entendia de emoções. E novamente ele.. "aprendia a viajar olhando para o céu estrelado.." Aponto para o alto e não acreditei no que estava vendo, era meu sonho tornando-se realidade. E naquela noite, no colo de meu querido e amado avô eu descobri que não encontrei um simples homem e sim o meu super herói. Continua no próximo capítulo..

3 comentários:

  1. ameiii esse post, fiquei lendo e lendo toda curiosa para saber o fim!...espeero que esse capitulo não seja o fim!
    beijos!

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  2. Li e gostei! Parabéns pelo blog, bem como pelas postagens interessantes ; )

    Um abraço!

    S.Rïver
    Porto Velho/RO - Amazônia - BRASIL
    http://www.youtube.com/riuhpvh

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  3. Obrigada. E pode ter certeza que nao vai acabar!

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